Prof. Sebastian
"Ou
aprendemos a viver juntos como irmãos ou vamos perecer juntos como tolos."
Martin Luther
King.
Peço licença às famílias, aos pais e mães,
filhos e filhas, alunos e alunas, universitários e universitárias, aos
professores e as professoras, a sociedade em geral para apresentar uma
palavrinha sobre a violência nas escolas. Assunto recorrente nos jornais, nos
noticiários de TV, um sem-número de reportagens, artigos e afins, além de muitos
livros que tratam do tema.
A
palavra violência em si é muito violenta e causa incômodo quando a pronunciamos
(pelo menos eu penso assim). Reagimos sem muita satisfação, por vezes
rejeitamos falar do assunto, nos causa apreensão, revolta, ansiedade. Nossa
indignação chega a patamares altíssimos quando vemos uma cena violenta ou
ouvimos alguma história de teor muito violento.
O
certo é que de violência ninguém gosta e não quer para si. Todos levantamos a
mão para a punição da violência, a punição do agressor e da agressora. Queremos
punir aquilo que nos pune. É natural do ser humano. É claro que entre a punição
e o punido existem as almas elevadas e praticantes de suas crenças religiosas
que praticam o perdão, a desculpa, o “já esqueci”, o “não foi nada”, o “tudo
bem” e outros recursos possíveis.
Tratar
do assunto violência é algo real e urgente, nos toca a todos e precisa de uma
ação coletiva. Isoladamente conseguiremos muito pouco. Não se pode admitir (e
isso já faz tempo) uma sociedade organizada que entenda a violência, como algo
inerente ao crescimento populacional, próprio de médias e grandes cidades e que
realmente os tempos estão difíceis e é assim mesmo.
O
marasmo, a indiferença, a inércia, o medo de se envolver enganam nossas
consciências e nos neutralizam diante dos fatos. Fatos estes que entram em
nossas casas, muitas vezes pela porta da frente, sejam por palavras ou por
ações. É urgente participarmos da “massa social” e mexermos junto esse grande
bolo, ou vamos esperar sentados nos servirem nossa fatia já pronta?
A
violência que existe nas escolas contra alunos, pais e mães e professores é
assunto que necessita de uma reflexão da parte de todos. Sejam homens e
mulheres, em qualquer situação social. Permitiremos que nosso futuro seja filho
da violência atual? Permitiremos que uns poucos falem mais alto que nossas
atitudes cidadãs?
Muitos
são os fatores que geram violência e seus longos braços chegam a muitos espaços
na sociedade. A escola não está superprotegida, é vítima também. Quem de nós
não tem uma história para contar? Seja vivida por nós mesmos ou por outra
pessoa. A violência tem uma força tal que chega a ambientes que nem sequer
imaginaríamos. Tem um poder tal que muda uma vida de uma hora para outra. É
contra essa força que precisamos nos preparar para lutar, para enfrentar e
mostrar que as armas do bem são mais fortes que as do mal. Será possível que só
nos desenhos animados o bem vence? Acredito que não e tenho essa firme
convicção.
Da
família brotam as alegrias, os sonhos, as expectativas, as esperanças, os
profissionais, os projetos, as vocações, os sucessos, os amores, as paixões, as
virtudes... Porém é também daí que surgem as pessoas violentas. Ou as pessoas
violentas são seres extraterrestres que aparecem subitamente para nos perturbar
e confundir nossas boas intenções? Claro que não! Ironias a parte, a falta de
educação que existe no ambiente doméstico contribui (e muito) para meninos e
meninas, homens e mulheres serem agentes agressivos, seja verbal ou
fisicamente.
Na
família repousa uma importante chave para a conduta dos homens e mulheres que
vivem em sociedade. O trato no dia a dia, as conversas informais, a compreensão
de mundo, o diálogo frequente, o respeito mútuo, os ensinamentos e
aprendizagens, os valores morais e éticos, e tantos outros elementos de boa
convivência colaboram para encontrarmos no cotidiano pessoas mais amáveis, mais
ponderadas, mais acessíveis e, por conseguinte menos violentas.
Muito
além de uma educação degradada e com mil problemas a serem ainda resolvidos,
precisamos extrair o que há de bom na educação. Na escola ainda aprendemos a
ler e escrever, a conviver, a brincar, a nos organizar, a fazer novas amizades,
a conhecer muitas coisas que nem sempre estão no fabuloso mundo da internet.
A
escola nos possibilita entre outras coisas, um “universo” de cidadania e espera
receber da sociedade em geral além da críticas, acolhimento e apoio, aplausos e
reconhecimento. Uma educação de qualidade ainda é possível neste mundo de
violências variadas.
Sebastian Ramos - É professor da Rede Pública, formado em História, especialista em gestão escolar e ativista de causas sociais.
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