Após assistir o filme 12 homens e uma
sentença, é impossível não desenvolver uma reflexão sobre os nossos
preconceitos, ou seja, aqueles conceitos que temos consolidados sem procurar
problematizá-los através do conhecimento sobre o assunto, do ouvir sobre, ou
até mesmo da experiência.
O filme 12 homens e uma sentença (12 Angry men, 1957) é um filme
estadunidense, de Reginald Rose, e dirigido por Sidney Lumet. Conta a estória
de 12 jurados que devem decidir se um réu é culpado ou inocente de um
assassinato. Dentre os doze, onze têm certeza de que ele é culpado, enquanto apenas
um levanta uma série de questionamentos, validando o conceito de dúvida
razoável. Assim, chegam à decisão de estudar novamente o caso, já que o
veredito deve ser através da unanimidade.
Segundo o bioquímico Ken Wilber,
um paradigma é “um conjunto de princípios do conhecimento e pressupostos que
definem o tipo de dados que somos capazes
de ver em primeiro lugar”, ou seja, é um princípio
orientador e estruturador de um sistema de valores dentro do nosso
subconsciente. Durante toda a nossa vida, como seres sociais e pensantes,
capazes de tomar decisões e julgamentos, temos um conjunto de princípios que
modela quem somos e o que achamos certo ou errado, o que é bom e o que é ruim,
como nos comportamos, enfim, e a esses princípios chamamos paradigmas.
O
filme se passa aproximadamente 97% dentro de uma sala, onde os jurados devem
votar para a absolvição ou para a condenação (sob pena de morte) do jovem que
supostamente matou seu pai. Durante o filme, podemos perceber muitos paradigmas
serem reformulados, pois no início da reunião, a grande maioria quer votar
“culpado” levando em conta simplesmente seus próprios interesses, por querer ir
embora logo, ou por não querer se atrasar para um jogo, outros, julgam o caso
apenas sob o critério da raça e do contexto social e financeiro do jovem réu, e
o último usa do fato de que está em rivalidade com seu filho para julgar
culpado o rapaz, sem ao menos estudar os fatos e ouvir as pontuações. Assim,
apenas o jurado nº 8 propõe uma discussão justa sobre os fatos do crime, não
que ele tinha certeza de que o réu era inocente, mas o que o movia era que
também não tinha certeza de ele era culpado, e pelas dúvidas razoáveis, seria
injusto condenar um homem à morte sem ao menos discutir o seu caso seriamente.
Desta forma, durante as discussões, fazem-se várias votações, e à medida em que
as “verdades absolutas”, “fatos irrefutáveis” vão sendo quebrados, vão sendo
quebrados também conceitos firmados e opiniões fundamentadas nessas verdades, e
assim vários e vários jurados vão mudando seu voto por um mais consciente,
firmado pelo debate, pelo conhecimento, através do estudo dos acontecimentos
relacionados ao crime.
No
final do filme, mesmo com muita dificuldade, a decisão é unânime: Inocente. Chega-se
a decisão com dificuldade, pois os paradigmas que são reformulados estão
intrínsecos ao nosso ser. É preciso pensar além... Nas possibilidades. “E
se...”
Hoje,
quando falamos em Educação, vemos que este é um território para a quebra de
certos paradigmas. É preciso sonhar e acreditar que as coisas podem ser
melhores, que mudanças podem ocorrer, que as pessoas podem ser melhores.
Pensando nos futuros educadores, é impossível ingressar nesse universo se enxergarmos
através das lentes de paradigmas envelhecidos, “mapas” frios e sem
fundamentação, assim como "Não se pode falar de educação sem amor.” (
Paulo Freire )
Wélica Cristina Duarte de Oliveira
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